quarta-feira, fevereiro 23, 2005

A RESPOSTA


Quando choro, choro com convicção. Com a convicção que não havia outra alternativa, que o corpo não aguentava mais o peso que a alma produzia e choro para me sentir mais leve...
Choro porque dói mais fundo, porque procuro noutro mundo a força para caminhar. Escondo-me bem dentro de mim, para de mim ver sair o que bem cá dentro guardo em segredo, neste meu olhar de medo. Choro correndo o mais que posso, tentando acompanhar a força do meu olhar, a fraqueza deste meu estar e tropeço por sentimentos vadios, carregados de elogios, despojados bem lá no fosso...
Quando choro, pergunto-me porquê...pergunto tantas vezes que alguém há-de um dia responder, esperança minha de não morrer, sem resposta que alguém me dê.
Choro para conseguir voar, para as ideias poder lavar, tantas cheias eu escoar e beber uma água pura que me abrace e traga a cura...que me apague a assinatura.
Quando choro vou mais longe, ando tanto e sem rumo, que perco a sentido do meu ser, a vontade de viver, a saudade do meu querer.
Nele também encontro o conforto para o que sinto, o refúgio que necessito, o silêncio do meu gemido e as cores do meu bem-estar.
Quando choro, só me sinto a mim, perdido e tão sozinho, pensando em ti no meu caminho e gritando bem baixinho...vem cuidar de mim.
Quando choro tu não me ouves, não testemunhas o que me foge e não sabes que estou a sofrer...a sofrer aqui bem longe.
Quando choro tu não podes, mesmo que soubesses, não podias ou quem sabe não querias e eu sofrido já sem ti, não consigo mais parar...parar de chorar.
Quando choro só eu sei, só eu posso mergulhar, morder, pedir, agonizar...tu não podes ajudar, tu não sabes do meu sofrer.
Quando choro, pergunto-me porque és tão especial, porque o tarde fica cedo, sem resposta não levo a mal, parto em busca do teu segredo, procuro nada e encontro medo.
Quando choro, choro sem ti, pela ausência que me provocas, pelo desejo de que não demonstras, pelo cheiro que não encontras...
Choro porque não te sei dizer, porque não queria jamais perder, porque anseio em ti viver...
Choro porque, choro para, choro onde, choro quando, choro aquilo que tu sabes...
Quando choro...choro por ti.

Posted by Hello

(Nunixtreme)

sábado, fevereiro 19, 2005

QUEM PENSAS QUE ÉS...?


Quem pensas que és?

Surges mansinho para ninguém te ver,
Rosado ou branquinho para agradar,
Levas a melhor e instalas-te no ser,
Planeando um dia poderes reinar.

Entras e magoas sem nada doer,
Deixas tua marca de caranguejo,
Queres e podes a todos fazer crer,
És mais forte que o poder dum beijo.

És mais conhecido do que uma estrela,
Mais pequeno do que qualquer estupor,
Tens a fama e fazes por merece-la,
Diz quem sabe que te chamas tumor.

Quem pensas que és bicho mau?
Verdadeiramente feio e repugnante,
Julgas-te de certo maior que uma nau,
Cansas a cabeça a qualquer estudante.

Que pensas tu poder fazer coisa suja?
Estragar, destruir ou ainda fazer mal?
Há-de haver quem de ti um dia fuja,
E te ponha bem no fundo de um curral.

Não te perdoo e jamais poderei esquecer,
Foi de certo o que jamais de ti esperei,
Não tinhas o direito de me fazer perder,
Aquele por quem ainda hoje chorei.

Hoje sei que és ainda mais forte,
Atinges todos indiscriminadamente,
Apareces para nos causar a morte,
Não há quem possa te fazer frente.

Espero um dia ter a minha vingança,
Alguém que descubra como te eliminar,
Vivo dia a dia com essa minha esperança,
Tua raça e glória hão-de um dia terminar.

Escrevo sempre de quem me é importante,
Não penses tu que é por ti que aqui estou,
Homenageio apenas a quem nos garante,
Que foi por ti que este mundo abandonou.

Posted by Hello

(Nunixtreme)

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

FANTASIA, COMO EU QUERIA....


Como eu queria ser um desenho animado,
Desenho colorido como vejo na televisão,
Como aqueles que eu via encantado,
Grandes ou pequenos tocando o coração.

Como queria que a terra fosse mole,
Que a natureza fosse bela e sem maldade,
Que os animais falassem todos em prol,
Deste tão belo sentimento, a amizade.

Como eu queria pular de nuvem em nuvem,
Agarrar-me aos aviões que por lá passassem,
Cair ao sabor do vento como quem tem,
Asas grandes para suportar esta viagem.

Como queria que o céu fosse sempre azul,
A terra tão verde e cheia de colorido,
As aves mais belas migrassem para sul,
E o mar nos encantasse com o seu brilho.

Como eu queria ...

Posted by Hello

(Nunixtreme)

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

SÃO VALENTIN


( in http://www.deviantart.com/view/15149962/ ) Posted by Hello

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

PRETO E BRANCO


Vejo que o preto é branco,
Estranho é, mas eu prometo,
Saber ao certo o quê e quando,
E porquê o branco me soa a preto.

Era tão lindo o nosso quadro,
Pintado pelas mais belas tintas,
Pendurado quão candelabro,
Clareando a noite que pressintas.

Vejo tudo a preto e branco,
De alma, olhos e coração,
Mais preto quando dói tanto,
Mais branco quando sei que não.

Via uma só imagem fria,
Estendida ao sol para me aquecer,
Olhava para ela e percebia,
Com estas cores eu quero morrer.

Vejo tudo a preto e branco,
Quando a cores queria viver,
Parto em busca do entretanto,
Nada encontro para esquecer.

Tantas cores com que me pintavam,
Azul, verde, vermelho ou rosa,
Tantas cores que me agradavam,
Muitas mais que o mundo gosta.

Vejo tudo a preto e branco,
Palavras, gestos e fantasia,
Se não fosse eu gostar tanto,
Não sei ao certo o que veria.

Via o que o amor me mostrava,
Cores tão belas e misturadas,
Sentimento que em mim mandava,
Noites claras e contos de fadas.

Vejo tudo a preto e branco,
Sei que sim sem estar errado,
A certeza que me causa espanto,
A cor que foge é a dor que trago.


Vejo tudo a preto, vejo tudo a branco,
Quem dera não mais ter tal castigo,
Conhecer as cores e no entanto,
O preto e branco viver comigo.
Posted by Hello

(Nunixtreme)

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

AMIGOS OU NÃO...


Dá o bom que tens sem pedires autorização, esconde e corrige o mau, estendendo a tua mão...

Há momentos na nossa vida em que nos sentimos sozinhos, mesmo rodeados de tantos amigos. Algo está errado então! Será que nós somos exigentes demais ou são os outros que são exigentes a menos?
Quando estamos tristes e desanimados, podemos pensar que as pessoas que nos rodeiam não nos estão a dar a importância devida, porque estamos tão carentes que pedimos demais, e aí podemos fazer um juízo errado dessas pessoas. Por outro lado, quando estamos felizes e eufóricos é usual não termos o feedback que pretendemos e também aqui podemos estar a ser injustos...
Quem tem razão então? Quem está certo afinal? Quem é verdadeiro amigo?
Teorias à parte, e como todos nós sabemos, os amigos são a nossa segunda família e muitas vezes a principal, por isso damos tanta importância à amizade. Aprendemos desde pequenos a fazer, a cultivar e a perder uma boa amizade e já ninguém, mas mesmo ninguém, passa sem uma, por muito fraca que seja. O que não aprendemos e ninguém nos ensinou, foram as regras correspondentes a esta fatia tão importante da nossa realização pessoal - o convívio saudável. Talvez porque faça parte da condição humana, o convívio entre os homens, ignoramos esta realidade e limitamo-nos a seguir os nossos instintos, esquecendo muitas vezes, o que está certo e o que está errado, conforme a natureza manda...

Ou será que não existem regras na amizade?
Existirão por certo e se alguém tem duvidas, ficarão desfeitas quando pensar, que já um dia se chateou com um amigo...O facto de nos chatearmos com alguém é uma prova viva que essa pessoa infringiu as nossas regras, e se as infringiu é porque elas existem...
É pois aqui que nascem também, aquilo a que chamamos os nossos melhores amigos, que não são mais do que os amigos que mais seguem as nossas regras ou que melhor nos enganam.
Mas isto levanta outra questão...Serão as regras da amizade ditadas de forma diferente por cada pessoa? Teremos que aprender as regras de todas as diferentes pessoas que conhecemos para nos darmos todos plenamente bem?
Certamente que o problema é bem mais simples do que o podemos avaliar, a questão é que como predadores que somos, lutamos todos pelo nosso metro quadrado de território, esquecendo os laços que nos unem e os valores que temos enquanto seres humanos. É como se tivéssemos dois seres dentro de nós, um racional e um irracional, lutando constantemente por conquistar o seu lugar em cada decisão que tomamos...
Nestas alturas tão cruciais é que definimos o que é e o que não é amizade, e muitas vezes erradamente porque o nosso lado irracional pode imperar, dada a nossa frágil condição humana...Assim caímos no erro de nos julgarmos erradamente e diminuirmos o nosso sucesso afectivo...
Mas isto não valida, que possamos sair por aí a fazer o que nos apetece sem olhar a meios para atingir os fins. A amizade é algo muito especial e que devemos preservar, como tal, dever indica obrigação, obrigação de lutarmos pelo bem estar de quem nos é próximo e de quem nos é querido. Só desta forma poderemos ter mais respeito pelas regras dos outros e motivarmos os demais a respeitarem as nossas próprias regras, abundando assim o respeito mutuo, que contribui para o acréscimo de todas as outras qualidades que se estimam numa qualquer amizade...
Ser amigo então, requer regras, requer deveres, e requer entrega. Para que tudo isto não se torne enfadonho e demasiado pesado há que haver respeito pelo próximo seja ele quem for, pois poderá cada um de nós ser amigo de qualquer outro.

Pensem nisto...Posted by Hello

(Nunixtreme)

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

AQUILO QUE SÓ NÓS SABEMOS...


Eu sei que sabes e tu sabes que eu sei,
Sabendo eu, sabes tu, sabemos nós,
Aquilo que tu sabes, jamais te direi,
Aquilo que eu sei, tu não dás voz.

Sei aquilo que sabes e tu sabes disso,
Sabes aquilo que eu sei sem eu saber,
Se soubesses ao certo o que eu preciso,
Saberias por certo como o fazer,

Sei que se tu souberes será bonito,
Se eu soubesse também iria gostar,
Tudo o que eu sei se já não sinto,
É por saber que não mais te posso amar,

Sabemos os dois o que ninguém sabe,
Só nós o sabemos porque o sentimos,
Muitos querem saber toda a verdade,
Mas nunca saberão o que omitimos,

Sei que no futuro nada será diferente,
Sabes tu também do que aqui digo,
Sei que o teu futuro será presente,
Sabes que o meu passado é estar contigo,

Sei que é lindo tal sentimento,
Saber ao certo um tal segredo,
Sabemos sempre aquele momento,
Saber sonhar e não ter medo,

Diz quem sabe que será para sempre,
Aqui estou eu para saber se assim será,
Pelo que de ti sei, não será diferente,
Pelo que sabes de mim coincidirá,

Sabes mas nunca me ouvirás dizer,
Até porque hoje sei que de nada valeria,
Sei que tu não me quererias fazer crer,
Que aquilo que eu sei se concretizaria,

Sei também que nunca te sentirás melhor,
Por muito bem que saibas poder estar,
Confesso-te caso não saibas e sem favor,
Ninguém te saberá qualquer que seja igualar

Sei que sabes e se não souberes eu digo,
Sabes que eu sei porque algo me diz,
Ficas a saber o que eu sem querer sinto,
Desejo que saibas o que é ser feliz...

Posted by Hello

(Nunixtreme)

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

QUANDO...


Quando...

Quando te conheci, pensando estar a caminhar em vão, abri uma porta estrelada...
Quando me apaixonei, o meu coração bateu tão forte que os vizinhos se assustaram e me começaram a olhar de lado...
Quando te abracei, fui abalado por um arrepio cor-de-rosa e amparado pelas tuas doces mãos...
Quando te beijei, cometi um crime rebelde e lacrimejaram testemunhas malditas...
Quando te prometi amor eterno, só as estrelas o puderam testemunhar...
Quando me envolvi deixei tudo para me realizar...
Quando contigo dormi, acordei para te desabraçar...
Quando fizemos amor, inventei para te agradar...
Quando partimos em viagem, sonhei nunca mais contigo regressar...
Quando fomos felizes, pensei poder mais do que era possível...
Quando discutimos, um nevão seco e frio desabou sobre mim e deixou-me de rastos...
Quando acabamos perdi a esperança no meu futuro...
Quando reatamos, bebi um mel amargo e pensei que estava destinado a cobrir-te com a minha sombra...
Quando já nada parecia ser como dantes, perdi-te na minha realidade e sonhei-te...
Quando finalmente tudo teve um fim, sozinho no meu quarto, meti-te num altar e perdi a crença...
Quando um dia chorei, outro lacrimejei e ainda outro ainda continuei, senti vazio meu coração e desejei nunca ter nascido...
Quando tentei esquecer, sem beber, os dias pareciam noites e as noites, dias pareciam...
Quando não te pintei bem, borrei a minha mente e entornei lágrimas negras por cima do meu cenário...
Quando te vir outra vez, cairei em parte e levantado arrastarei a outra metade até que pareça impune...
Quando, com companhia, meus olhos te fitarem, olharei para cima, para que as lágrimas fiquem retidas onde nunca deveriam de sair...
Quando entre ciúmes e inveja te lembrar, tantos filmes hão-de passar que ficarei cego de tão grande raiva...
Quando o esquecimento e a felicidade imperar, estarei perdido de julgar, cansado de amar, e fraco para lutar...
Quando os anos passarem por mim, a vida a meu lado, o coração gelado, vivendo de recordações enterradas pela experiência, saberei o quê de mim...
Quando eu tiver perdido o jogo da vida, souber da tua corrida, entenderei que não foi para isto que eu nasci...
Quando já nada tiver sabor, de corpo velho e triste, estarás noutro caminho, vindo de tão forte destino e comprovarei o que sempre soube...
Quando um dia, voltar a sofrer por ti, tudo será tarde demais, estarei num banco dum jardim, recordando o que senti, chorando o que vivi, chorando o que perdi...
Quando um dia tu souberes de mim, se isso acontecer, talvez por falecer, estarás diferente...
Quando um dia te perdi, quando um te dia chorei, quando um dia te recordei, quando um dia...
Quando um dia te conheci, quando um dia te amei, quando um dia te toquei, quando um dia eu vivi, quando um dia...
Quando um dia eu cresci, quando um dia decidi, quando um dia eu errei...
Quando um dia perder a chave...
Quando...
Quando um dia te conheci.
Posted by Hello

(Nunixtreme)

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

CORAÇÃO MENDIGO


Barriga vazia, cheia duma qualquer dor, vive e dorme à espera, do pão que lhe de amor...
Olhos brilhantes, cintilantes como qualquer estrela, esses olhos, gritantes, que me mordem com subtileza...
Roupas velhas, rotas e manchadas, fraquezas supérfluas, tristezas gravadas...
Destinos cruzados, engolem o meu fraco sentir, vomitam por vários lados, provando nada existir...
Noites frias, banhadas e conspurcadas, interessantes e secos dias, acompanhados de mudas baladas...
Sorrisos marcantes, que me atropelam a confusão, esses lados brilhantes guardados pela solidão...
Passado feliz, simples e de nenhum sucesso, tratado a frio suspeito de tal fracasso, tomando conta da vida que mereço, tendo o destino conquistado o seu espaço...
Paixão e amor ditados à luz diurna, beleza de olhos atentos sonhada, alterada e deveras inoportuna, no inevitável declinar da luz raiada...
Mendigando por demais à espera de matar a fome, atravessado pela estaca que me fere o coração, maltratado pelo pensamento que não dorme, usufruo sem merecer desta avassaladora maldição...
Que queres de mim, drástica e penosa saudade? Quebrar-me os ossos, deixares-me vulnerável? Fazeres-me crer que não é por maldade? Abusa de mim, mas sê razoável...
Odeio-te amor que me agarras ao semelhante, paixão que me gozas com prazer, carinho que faltas de rompante e carência que me impedes de viver...

Vá, empurra me para as poças, faz me molhar os pés, suja me as calças...humilha-me... Não é isso que tu gostas?
Posted by Hello

(Nunixtreme)