quinta-feira, fevereiro 03, 2005

QUANDO...


Quando...

Quando te conheci, pensando estar a caminhar em vão, abri uma porta estrelada...
Quando me apaixonei, o meu coração bateu tão forte que os vizinhos se assustaram e me começaram a olhar de lado...
Quando te abracei, fui abalado por um arrepio cor-de-rosa e amparado pelas tuas doces mãos...
Quando te beijei, cometi um crime rebelde e lacrimejaram testemunhas malditas...
Quando te prometi amor eterno, só as estrelas o puderam testemunhar...
Quando me envolvi deixei tudo para me realizar...
Quando contigo dormi, acordei para te desabraçar...
Quando fizemos amor, inventei para te agradar...
Quando partimos em viagem, sonhei nunca mais contigo regressar...
Quando fomos felizes, pensei poder mais do que era possível...
Quando discutimos, um nevão seco e frio desabou sobre mim e deixou-me de rastos...
Quando acabamos perdi a esperança no meu futuro...
Quando reatamos, bebi um mel amargo e pensei que estava destinado a cobrir-te com a minha sombra...
Quando já nada parecia ser como dantes, perdi-te na minha realidade e sonhei-te...
Quando finalmente tudo teve um fim, sozinho no meu quarto, meti-te num altar e perdi a crença...
Quando um dia chorei, outro lacrimejei e ainda outro ainda continuei, senti vazio meu coração e desejei nunca ter nascido...
Quando tentei esquecer, sem beber, os dias pareciam noites e as noites, dias pareciam...
Quando não te pintei bem, borrei a minha mente e entornei lágrimas negras por cima do meu cenário...
Quando te vir outra vez, cairei em parte e levantado arrastarei a outra metade até que pareça impune...
Quando, com companhia, meus olhos te fitarem, olharei para cima, para que as lágrimas fiquem retidas onde nunca deveriam de sair...
Quando entre ciúmes e inveja te lembrar, tantos filmes hão-de passar que ficarei cego de tão grande raiva...
Quando o esquecimento e a felicidade imperar, estarei perdido de julgar, cansado de amar, e fraco para lutar...
Quando os anos passarem por mim, a vida a meu lado, o coração gelado, vivendo de recordações enterradas pela experiência, saberei o quê de mim...
Quando eu tiver perdido o jogo da vida, souber da tua corrida, entenderei que não foi para isto que eu nasci...
Quando já nada tiver sabor, de corpo velho e triste, estarás noutro caminho, vindo de tão forte destino e comprovarei o que sempre soube...
Quando um dia, voltar a sofrer por ti, tudo será tarde demais, estarei num banco dum jardim, recordando o que senti, chorando o que vivi, chorando o que perdi...
Quando um dia tu souberes de mim, se isso acontecer, talvez por falecer, estarás diferente...
Quando um dia te perdi, quando um te dia chorei, quando um dia te recordei, quando um dia...
Quando um dia te conheci, quando um dia te amei, quando um dia te toquei, quando um dia eu vivi, quando um dia...
Quando um dia eu cresci, quando um dia decidi, quando um dia eu errei...
Quando um dia perder a chave...
Quando...
Quando um dia te conheci.
Posted by Hello

(Nunixtreme)